Quem é Guilherme Delaroli, deputado do PL que assume comando da Alerj após prisão de Rodrigo Bacellar
O deputado estadual Guilherme Delaroli (PL) assumiu a presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta quarta-feira, 3, após a prisão do então presidente Rodrigo Bacellar (União Brasil) pela Polícia Federal.
A mudança abrupta no comando da Casa ocorreu depois que Bacellar foi detido durante a Operação Unha e Carne, sob suspeita de repassar informações sigilosas da Operação Zargun, que mirou o ex-deputado TH Joias, investigado por suposta ligação com o Comando Vermelho.
Com a vacância imediata, Delaroli, até então 1º vice-presidente, assumiu o posto mais importante do Legislativo fluminense.
A transição, embora prevista no regimento interno, acontece em meio a uma crise política ampla, que recoloca o nome de Delaroli no centro da cena institucional do estado.
Embora não seja novato na política, muitos fluminenses ainda se perguntam quem é o parlamentar que agora passa a comandar um dos poderes mais relevantes do Rio de Janeiro, especialmente diante de um cenário dominado por operações policiais, debates sobre segurança pública e disputas internas.
Uma ascensão acelerada dentro da Alerj
Nascido em São Gonçalo e criado em Maricá, Guilherme Jandre Delaroli é herdeiro de uma família tradicional na política regional.
Filho do ex-vereador José Delaroli (PL) — eleito quatro vezes — e irmão do atual prefeito de Itaboraí, Marcelo Delaroli (PL), Guilherme cresceu em um ambiente de forte articulação política, acompanhando campanhas e movimentos que, ao longo dos anos, consolidaram sua família como uma referência do Partido Liberal em municípios estratégicos do estado.
Sua trajetória eleitoral ganhou força em 2022, quando concorreu pela primeira vez a uma cadeira na Alerj. Com 114.155 votos, foi um dos mais votados do estado, resultado que o projetou rapidamente para posições de destaque dentro da Casa.
Antes da atividade parlamentar, Delaroli atuou como militar da reserva da Polícia Militar do Rio de Janeiro, experiência que moldou seu discurso e posicionamento em pautas relacionadas à segurança pública, tema que marcaria sua atuação legislativa futura. Ele também ocupou o cargo de coordenador-geral de projetos na Prefeitura de Itaboraí, o que ampliou seu trânsito entre gestores públicos e técnicos da região metropolitana.
Relações políticas e articulação com Cláudio Castro
Uma das marcas de sua trajetória recente é a proximidade com o governador Cláudio Castro (PL). Delaroli faz parte do núcleo de parlamentares mais alinhados ao chefe do Executivo estadual, com trânsito frequente no Palácio Guanabara e participação em articulações consideradas estratégicas para o governo.
Além disso, sempre manteve relação institucional e política com Rodrigo Bacellar, que até então comandava a Alerj. Ambos atuaram juntos em votações importantes e protagonizaram negociações com impactos diretos na governabilidade de Castro.
A prisão de Bacellar, portanto, não apenas altera o comando da Casa, mas reposiciona Delaroli como um ator chave na manutenção da estabilidade política do governo.
Pautas de segurança pública e o episódio da Gratificação Faroeste
Entre suas atuações mais marcantes está o apoio à chamada Gratificação Faroeste, uma proposta apresentada durante seu mandato com o objetivo de premiar policiais civis que matassem suspeitos em confrontos.
A medida foi amplamente criticada por entidades de direitos humanos, defendida por setores da segurança e, posteriormente, aprovada na Alerj, mas vetada pelo Executivo.
O episódio projetou Delaroli como uma figura central nas articulações relacionadas ao tema, reforçando sua imagem de parlamentar alinhado ao discurso de endurecimento penal, especialmente entre eleitores das regiões onde o tema da segurança costuma pautar a dinâmica política local.
Além disso, o deputado participa de grupos parlamentares e comissões diretamente relacionadas à pauta, como as comissões de Segurança Pública e Constituição e Justiça, esta última considerada a mais poderosa da Casa.
Passagem por comissões e a construção de influência interna
Logo no início do mandato, Delaroli assumiu a presidência da Comissão de Obras Públicas, o que lhe permitiu estabelecer conexões estratégicas com secretarias do estado e órgãos municipais. Sua atuação, considerada discreta, porém atuante, contribuiu para seu fortalecimento interno.
Com o tempo, ele passou a ocupar espaços cada vez mais competitivos, sendo escolhido como 1º vice-presidente da Alerj em 2025.
Nesse cargo, presidiu diversas sessões importantes, acumulando experiência na condução de debates, votações e mediação de conflitos entre parlamentares.
Essa vivência se revela crucial no momento em que assume a presidência de maneira efetiva, em meio a um cenário turbulento e exigindo habilidade política.
O peso institucional da presidência em meio à crise
Assumir a presidência da Alerj não é apenas uma função simbólica. O cargo tem poderes amplos dentro da estrutura institucional, desde definir pautas de votação até conduzir comissões, autorizar gastos, encaminhar projetos e atuar como representante direto do Legislativo nas relações com o Judiciário e Executivo.
Com a prisão de Bacellar, Delaroli assume uma Casa fragilizada política e institucionalmente. Ele terá a tarefa de restabelecer a estabilidade interna, garantir a continuidade das votações, manter o bom relacionamento com o Executivo, assegurar que a imagem da Assembleia não se desgaste ainda mais após sucessivos escândalos envolvendo seus presidentes.
O cargo também o coloca no centro de novos arranjos políticos, especialmente no PL, partido que se articula em frentes regionais, mas enfrenta disputas internas por espaço.
