São João da Barra se despede de Sônia Ferreira, símbolo da luta por Atafona
Faleceu neste domingo (9), aos 81 anos, Sônia Ferreira, presidente da Associação SOS Atafona e uma das principais vozes na defesa da orla de São João da Barra.
Atuante e carismática, Soninha, como era conhecida, dedicou décadas à preservação da praia e da memória de Atafona.
Símbolo de resistência
Sônia tornou-se referência na luta contra o avanço do mar. Em 2022, ao ver o muro de sua casa atingido pela erosão, desabafou:
“É muito triste ter que deixar minha casa.” O imóvel, construído por seu pai na década de 1970, foi um dos marcos da paisagem local. Mesmo após ser obrigada a deixá-lo, manteve atuação firme no SOS Atafona, buscando soluções ambientais e estruturais para conter a força das águas.
Nascida em Campos dos Goytacazes em 16 de agosto de 1944, Sônia era filha do ex-deputado federal Alair Ferreira e irmã do empresário Alair Ferreira Filho.
Passou a infância entre Campos e Atafona, onde fixou residência definitiva em 1997. Tornou-se figura querida pela comunidade e presença constante em iniciativas sociais e culturais.
Sônia trabalhou nas empresas da família e atuou na Prefeitura de São João da Barra entre 2001 e 2016, com passagens pela Secretaria de Turismo e pelo Palácio Cultural.
Presidiu por 15 anos a Irmandade de Nossa Senhora da Penha, tradicional entidade religiosa de Atafona. Em 2017, criou o espaço Moinho de Vento, ponto de encontro da comunidade e palco de eventos locais.
Nos últimos anos, dedicou-se integralmente ao SOS Atafona. Participou de debates, audiências e documentários sobre erosão costeira e mudanças climáticas. Sua liderança ajudou a projetar São João da Barra no cenário nacional de defesa ambiental.
A Prefeitura divulgou nota lamentando a morte e destacando o legado de Sônia “em favor do meio ambiente e da preservação cultural”. Em comunicado, a Associação SOS Atafona afirmou: “Partiu uma mulher de fé, amor e entrega, que marcou nossas vidas com sua luz.”
Sônia Terra Ferreira deixa três filhos e um legado de resistência, fé e amor por Atafona — a vila que ajudou a manter viva na memória e na esperança de toda São João da Barra.
O velório ocorre neste domingo, a partir das 15h, no Santuário Nossa Senhora da Penha, em Atafona. A missa de corpo presente será celebrada na segunda-feira (10), às 8h, no mesmo local. O sepultamento está previsto para as 11h, no Cemitério do Caju, em Campos dos Goytacazes.
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